12
ago
2015
Mandalas na areia
/
1 Comentários
Numa época em que parecemos agora invadidos pela moda dos livros para colorir "anti-stress", repletos de diagramas, entre os quais "mandalas", parece
que este símbolo se torna de certo modo banalizado... mas será que conhecemos a
sua proveniência e significado?...
É curioso, pois há cerca de uns 15/20 anos, este elemento representara uma
fase criativa minha... Como que por acaso, descobri através de um livro as "mandalas", e logo me apaixonei pela sua beleza e principalmente pela filosofia contida,
pela sua riqueza simbólica do Universo (do material e espiritual)... Foram
muitas as "mandalas" em tela e vidro que pintei, e que ainda hoje vou descobrindo
algumas delas, distribuídas por casa de amigos e familiares...
As "mandalas" são originalmente elaboradas por monges tibetanos com areias
de mil cores... Após longas horas de pura concentração, meditação, dedicação e
extremo detalhe, ao estarem terminadas são simplesmente “destruídas”, como que
representando a eterna mutação e impermanência das coisas, o desapego etc...
Num dia destes, caminhando à beira mar e contemplando o
mar (da Ericeira) já por horas próximas do ocaso, espontaneamente começara
a brotar dos meus dedos uma figura geométrica na areia... Uma "mandala" surge materializada. Pego em 3 ou 4 conchas e pedras que se encontravam
próximas e atribuo-lhes um pequeno adorno complementar.
Aqueles breves instantes enquanto desenhava a "mandala", pude experimentar
uma doce serenidade, que me fez reflectir na extrema importância de vivermos
focados apenas no momento presente... Algo que muitas vezes nos é difícil, e
mais parecemos sempre andar em sobressalto, entre recordações do passado e
anseios do futuro... Mas como diz o provérbio chinês: “O Passado é
história, o Futuro é mistério, e hoje é uma dádiva. Por isso é chamado de
Presente.”
Na tentativa de “registar” este sentimento, corri para a toalha, e
retirando a máquina fotográfica da mala, pedi a quem estava comigo, que tirasse
uma fotografia... Dois "disparos", e o mais surpreendente (quer
acreditem quer não), é que mal se tirara a foto, o mar que parecia até então
ter cordialmente permitido a contemplação da obra, de súbito, lançara uma onda
que abraçara toda a "mandala" e a arrecadara para si... Apagou-a por completo sem
deixar menor vestígio (físico) da sua criação.
Até nisso trouxe um ensinamento, pois afinal sua missão cumprira-se. A
serenidade e introspecção que permitiu ao ser desenhada, e ainda
o “bónus” de alguns instantes de contemplação e partilha...
De facto, mais importante que o destino, é o próprio percurso e a
aprendizagem que isso nos traz. É como quando pinto... É certo que me traz
muita felicidade ver a obra terminada, mas para além do resultado final, é a
própria história e emoção que sei que contém. Emoções minhas, materializadas
pincelada a pincelada numa tela durante o processo... É todo um “percurso
emocional” que fica registado na tela, mas principalmente no íntimo de quem o
percorre...
Adorei!
ResponderEliminarObrigada pelo momento <3