A Sacralidade da Criação

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Emoções intensas, potenciam a criatividade, pois ao advirem do âmago do nosso ser, revelam muitas vezes, facetas desconhecidas até então.
Procuramos de algum modo expressar, e converter em algo físico e tridimensional, esse pedaço de alma feita de emoções...
Por vezes essa intensidade emocional , pode levar a uma espécie de “convulsão interior”. Podem surgir estados de certo modo“desconfortáveis”, entre angústias, opressões e inquietações. Na verdade são "murmúrios" de algo que internamente, “clama” para ser escutado e respondido.

Ao longo da nossa vida sempre passamos (e passaremos) por momentos destes. No fundo, sempre estarão a acontecer, a partir do momento em que decidimos e assumimos o compromisso pessoal, de permanecermos conectados com o nosso ser, e com a nossa voz interior... mas a verdade é que por vezes, assoma-se a cobardia. Muitas vezes o que a voz interior clama e revela, acarreta um esforço e vontade, força e fé,  que muitas vezes parecemos não possuir de forma suficiente, para que possamos proceder à mudança de trajectória que devemos fazer. (Temos “medos”...)

Mas eis que os "sussurros" e inquietações permanecem... e são impossíveis de calar, a não ser que “sufoquemos” a nossa alma. Mas tal não faria sentido, pois são esses mesmos sussurros que sempre nos indicam qual o caminho que nos conduz à verdadeira paz e alegria. À nossa “Missão”, afinal.
Sempre me considerei uma pessoa "adaptável". E isso pode ser bom, sim. A capacidade de saber integrarmo-nos em novas condições, ambientes e circunstâncias... Mas uma ténue fronteira separa a adaptabilidade, da "resignação". E é aí que devemos tomar muito cuidado, pois uma coisa é de facto sabermo-nos (re)acomodar com o fluir da vida, outra é gradualmente "abafarmo-nos", aprisionarmos ou limitarmo-nos...

Por vezes parecemos ter como que diversas aptidões para tantas outras coisas diversas. Mas o grande desafio está realmente em descobrir qual ou quais serão as que realmente nos fazem feliz e que nos preenchem completamente. Que no fundo representem e justifiquem (para nós)a palavra "Viver".
Muitos poderão nunca descobrir, por nunca ter, “quiçá”, reservado o devido espaço e tempo a essa escuta...
Por outro lado, se virmos com profundidade, o nosso “caminho” poderá estar nas coisas que mais natural e espontaneamente realizamos. Aquelas que brotam tão naturalmente como se se tratassem de uma extensão do que respiramos, sentimos, pensamos e somos...

Todos somos de algum modo criadores de algo. Quer seja de palavras, afetos, ações... outros poderão eventualmente explorar essa vertente criativa para algo mais abrangente.
A verdade é que a capacidade de criar algo é o que nos ajuda a conhecer, nutrir e crescer a nossa alma. É uma forma de (auto) descoberta, de (re)encontro ,  revelação, partilha e comunhão com o mundo.
Os momentos de pintura para mim, são momentos de liberdade e refúgio num mundo em que me permito viver e acreditar. E nele, sei que não estou só, porque sinto que cada um daqueles, que de algum modo se "sintoniza" com alguma “criação/expressão” minha, desse mesmo mundo fará parte. Dele também fará parte algum pedaço da “vossa” alma.
“Aqui”, é  onde brota a verdade mais profunda. Revela-se  o que conheço e desconheço de mim. E o que ainda não decifrei. E no final de cada obra, é uma parte de nós que “mergulhada” na tela, se revela em manchas de cor, formas,  texturas, palavras e figuras.

Criar é um misto de magia e mistério. Um pedaço de alma tornada física.

Esta é a “Sacralidade da Criação”. E é onde se justifica a palavra "Vida".




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