Mandalas na areia

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Numa época em que parecemos agora invadidos pela moda dos livros para colorir "anti-stress", repletos de diagramas, entre os quais "mandalas", parece que este símbolo se torna de certo modo banalizado... mas será que conhecemos a sua proveniência e significado?...

É curioso, pois há cerca de uns 15/20 anos, este elemento representara uma fase criativa minha... Como que por acaso, descobri através de um livro as "mandalas", e logo me apaixonei pela sua beleza e principalmente pela filosofia contida, pela sua riqueza simbólica do Universo (do material e espiritual)... Foram muitas as "mandalas" em tela e vidro que pintei, e que ainda hoje vou descobrindo algumas delas, distribuídas por casa de amigos e familiares...

As "mandalas" são originalmente elaboradas por monges tibetanos com areias de mil cores... Após longas horas de pura concentração, meditação, dedicação e extremo detalhe, ao estarem terminadas são simplesmente “destruídas”, como que representando a eterna mutação e impermanência das coisas, o desapego etc...

Num dia destes, caminhando à beira  mar e contemplando o mar (da Ericeira) já por horas próximas do ocaso, espontaneamente começara a brotar dos meus dedos uma figura geométrica na areia... Uma "mandala" surge materializada. Pego em 3 ou 4 conchas e pedras que se encontravam próximas e atribuo-lhes um pequeno adorno complementar.

Aqueles breves instantes enquanto desenhava a "mandala", pude experimentar uma doce serenidade, que me fez reflectir na extrema importância de vivermos focados apenas no momento presente... Algo que muitas vezes nos é difícil, e mais parecemos sempre andar em sobressalto, entre recordações do passado e anseios do futuro... Mas como diz o provérbio chinês: “O Passado é história, o Futuro é mistério, e hoje é uma dádiva. Por isso é chamado de Presente.”

Na tentativa de “registar” este sentimento, corri para a toalha, e retirando a máquina fotográfica da mala, pedi a quem estava comigo, que tirasse uma fotografia... Dois "disparos", e o mais surpreendente (quer acreditem quer não), é que mal se tirara a foto, o mar que parecia até então ter cordialmente permitido a contemplação da obra, de súbito, lançara uma onda que abraçara toda a "mandala" e a arrecadara para si... Apagou-a por completo sem deixar menor vestígio (físico) da sua criação.
Até nisso trouxe um ensinamento, pois afinal sua missão cumprira-se. A serenidade e introspecção que permitiu ao ser desenhada, e ainda o “bónus” de alguns instantes de contemplação e partilha...

De facto, mais importante que o destino, é o próprio percurso e a aprendizagem que isso nos traz. É como quando pinto... É certo que me traz muita felicidade ver a obra terminada, mas para além do resultado final, é a própria história e emoção que sei que contém. Emoções minhas, materializadas pincelada a pincelada numa tela durante o processo... É todo um “percurso emocional” que fica registado na tela, mas principalmente no íntimo de quem o percorre...






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Annah Crafts. Com tecnologia do Blogger.